Em 14 anos, o HC de São Paulo já operou 50 pacientes para mudança de sexo, a maioria é composta de homens que se sentem mulheres, segundo o chefe de urologia pediátrica e disfunção sexual do hospital, Francisco Dénes.
“Nunca vi um caso de alguém que tenha se arrependido. Isso ocorre quando o paciente é mal orientado”, ressalta. Para trocar do sexo masculino para o feminino, em geral são feitos tratamentos hormonais e uma única cirurgia de 4 horas. Já o inverso exige duas ou mais operações de cerca de 3 horas.
Apesar de no primeiro caso (redesignação de homem para mulher), com a desconstrução do pênis e dos testículos para a formação de uma vagina, parecer mais fácil, o urologista diz que pode ocorrer à necessidade de retoques, e risco de infecções pela possibilidade de cicatrização mais demorada.
O pós-operatório envolve o uso de curativos, sonda e um período de sete a dez dias de repouso no hospital. Não havendo problemas, o paciente pode voltar em pouco tempo para SUAS atividades normais. E nos próximos dois anos seguintes devera fazer um rigoroso acompanhamento medico.
Em entrevista ao Fantástico, em janeiro, a transexual Lea T, filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, declarou, ter se arrependido em ter feito a troca de sexo em março do ano passado, não aconselhando o procedimento para ninguém.
Ela foi operada na Tailândia e passou um mês e meio no hospital com dores.
“Eu achava que a minha felicidade era embasada na cirurgia”. Fiquei mais à vontade, porem um pênis e uma vagina não trazem felicidade para ninguém. Nunca vou ser 100% mulher. Calço 42, minha mão é enorme, meu ombro é largo. Quando fiquei deitada na cama, entendi que isso tudo é uma bobeira.
Segundo o psicólogo Rafael Cossi, operar para ser enquadrado na “normatização” social, e adequação ao pensamento heterossexual, são as maiores críticas à mudança de sexo. Ele cita o site sexchangeregret.com, em que um grupo de transexuais arrependidos após a operação contesta a ideia de que a troca de sexo é o fim para todos os males.
“Muitas pessoas não ficam em paz consigo mesmas, não têm benefícios nem se veem de uma forma mais tranquila. Algumas desenvolvem problemas que não tinham antes, como alcoolismo ou dependência de drogas. Isso porque a cirurgia não altera só a imagem corporal para pertencer a outro sexo, mas tem várias complicações, pelo fato de o indivíduo passar a apresentar outro status na vida, um novo nome e ser visto de maneira diferente pela sociedade”.
O Dr. Amaury Mendes Junior, professor é médico do ambulatório de sexologia da U F R J diz que atualmente o tratamento antes de um procedimento agressivo como a cirurgia é o de tentar adequar o individuo ao sexo ao qual ele se identifica , para isto o serviço conta com um grupo multidisciplinar de profissionais.
Muitas vezes, procedimentos simples tais como a mudança de nome de homem para mulher já evitam constrangimentos para o transexual frente à sociedade, resultando ate mesmo na desistência em submeterem-se ao procedimento de redesignação, porem, esta atitude é da alçada jurídica
Desde 2008, o SUS já realizou 2.451 cirurgias de mudança de sexo de homem para mulher, único grupo de pacientes atendido atualmente, pelo fato de o Ministério da Saúde considerar que são casos mais comuns (três homens para uma mulher), mais bem padronizados e aprovados pelos conselhos de medicina.